O disco misterioso foi encontrado por caçadores de tesouros, no
final do século XX, em um sítio pré-histórico nos arredores da colina de
Mittelberg; perto da cidade de Nebra (em Sachsen Anhalt, 270 km a
sudoeste de Berlim, Alemanha). Trata-se de uma placa de bronze com
aplicações em ouro. O Disco de Nebra é considerado a mais antiga
representação astronômica já encontrada, misturada a símbolos
religiosos. Pode ter sido criado durante a Idade do Bronze europeia,
entre 2100 e 2700 a.C., já que os metais da liga (cobre e estanho)
começaram a ser explorado no continente nesta época, na região de
Mühlbach, na Áustria.
As incrustações em ouro foram aplicadas em diversas datas
posteriores, provavelmente de acordo com o avanço das observações do
cosmos. O Disco de Nebra foi enterrado por volta de 1600 a.C.,
juntamente com outros artefatos, como lanças e espadas de bronze e
machados. Atualmente, a peça pertence ao acervo do Museu Pré-Histórico de Sachsen Anhalt e está avaliado em 11,2 milhões de dólares.
História de detetive
Os saqueadores tentaram comercializar o Disco de Nebra, juntamente
com espadas, machados, cinzéis e fragmentos de pulseiras, oferecendo as
peças a arqueólogos locais. Foram surpreendidos com a notícia de que os
objetos não poderiam ser vendidos porque, de acordo com a legislação,
qualquer peça relacionada a prováveis descobertas arqueológicas pertence
ao Estado em que foi encontrada. Anos mais tarde, em 2003, os “caçadores de aventura” tentaram apelar
mais uma vez para o mercado paralelo e começaram a negociar com um
colecionador suíço de antiguidades; queriam vender as peças por 300 mil
euros. O colecionador, no entanto, era colaborador da polícia alemã e
fazia parte de uma armadilha para atrair a quadrilha, que foi presa
imediatamente.
As características do Disco de Nebra
A placa apresenta formato circular de 64 cm de diâmetro e é mais
espessa no centro (4,5 mm, contra 1,7 mm nas extremidades). O Disco de
Nebra pesa dois quilos. Durante a manufatura, e peça foi aquecida
diversas vezes, para evitar possíveis rachaduras. Os escavadores do Disco de Nebra, no entanto, não seguiram as boas
regras da Arqueologia; durante as escavações, um pedaço da borda externa
da peça foi danificado. Uma extensão considerável do disco foi perdida,
juntamente com uma das estrelas. Nos detalhes em ouro, foram acrescentados e alterados diversos
elementos. A composição inicial apresentava uma circunferência maior à
esquerda (o Sol ou a Lua Cheia), uma Lua Crescente à direita e 32
pequenos discos espalhados por toda a superfície do disco, prováveis
representantes das estrelas visíveis no hemisfério Norte (de 12 deles,
restaram apenas as marcas da incrustação).
Entre estes pequenos círculos, sete deles estão entre o Sol e a Lua e
provavelmente representação a Constelação das Plêiades. Atualmente,
apenas sete estrelas estão visíveis, mas é possível que, na Idade do
Bronze, outra delas fosse mais brilhante. Uma prova disto é que os
antigos gregos batizaram o conjunto de “Sete Irmãs”. Os demais pontos
não podem ser identificados no céu do sul alemão; provavelmente, são
apenas elementos decorativos. Posteriormente, foram incluídos outros dois semicírculos, nas
extremidades direita e esquerda, com ouro de outra proveniência: são os
Arcos do Horizonte, que representam o nascer e o pôr do Sol. A última
alteração foi um semicírculo no canto inferior, com ouro extraído também
em outro local, que representa uma Barca Solar, o navio onde viajam os
deuses.
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