Os agentes penitenciários que estavam de serviço na Penitenciária Agrícola Mário Negócio, em Mossoró, descobriram um túnel de 30 metros no Pavilhão 1 da unidade, onde se encontram 180 presos do regime fechado. De acordo com a vice-presidente do Sindicato de Agentes Penitenciários do RN (Sindasp-RN), Vilma Batista, os profissionais estranharam a intensa movimentação dos presos, que ligavam e desligavam a luz intermitentemente.
Apesar da desconfiança, os agentes ficaram à espreita e deixaram amanhecer para tomar alguma iniciativa. Como perceberam que nenhuma fuga havia ocorrido, se mantiveram observando o movimento e esperaram que a visita terminasse para fazer uma revista no local. Ao fazerem uma varredura minunciosa, encontraram o chão do local lavado mas ainda com vestígios de areia.
Minutos depois se depararam com a escavação que tem aproximadamente 30 metros que dava para a parte rural do estabelecimento. A notícia foi levada até a diretoria que buscou os responsáveis. Até o momento, nomes não foram revelados.
Na mesma unidade, cerca de 700 presos cumprem pena no sistema semi-aberto. E foram eles os protagonistas de um início de motim no sábado, quando alguns detentos quebraram grades de uma cela. "Os presos que estão na Mário Negócio são muito ousados. Eles fizeram o quebra-quebra na frente dos agentes e policiais. Nem os de Alcaçuz são desse jeito", constatou Vilma.
Ainda sobre o perfil daqueles apenados, a sindicalista destacou que muitos deles foram descobertos forjando declaração de estudo ou trabalho para poderem passar tempo livre cometendo crimes e voltar a noite para se esconder no presídio."Os agentes faem a chamada, recontam e depois liberam. Como é uma parte aberta, muitos deles voltam pra rua".
O matagal que circunda a Mário Negócio acabou se tornando um esconderijo para armas, conta Vilma. "Os agentes descobrem, recolhem, mas sempre eles botam mais. Há casos deles assaltaram e matarem em frente mesmo do presídio", revela. "É importante que a população saiba que nós temos compromisso e estamos preocupados com o sistema. Apesar de tudo, não queremos que aconteçam fugas", finalizou.
Fonte:Carlos Henrique Goes - Repórter - Tribuna do Norte
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