Relembre algumas das decisões de título mais tensas da história de nosso principal torneio de futebol.
O Campeonato Brasileiro só passou a ser disputado no sistema de pontos corridos de 2003 para cá. De 1971 até 2002, a competição adotou várias fórmulas de disputa. Todas, no entanto, tinham uma coisa em comum: a final. Este, aliás, é o principal argumento daqueles que não gostam do atual sistema de disputa: a ausência de um jogo decisivo.
Não é para menos. Em 32 edições, o Brasileirão proporcionou momentos inesquecíveis aos torcedores de dezenas de clubes do país com finais espetaculares, recheadas de drama e tensão. Trazemos aqui apenas algumas das mais conhecidas pela carga de tensão – uma delas, a de 2009, diz respeito ao sistema de pontos corridos. Não foi uma final propriamente dita, mas o paralelismo entre dois jogos nunca foi tão tenso – e curioso – como naquela tarde.
Flamengo 3 x 2 Atlético-MG (1980)
Era o Flamengo de Zico contra o Galo de Reinaldo – e muitos outros craques, de lado a lado. No Mineirão, o primeiro jogo terminou com vitória do Atlético-MG por 1 a 0, gol de Reinaldo, claro. No Maracanã, 154 mil pessoas lotaram o estádio para empurrar o Mengão, que precisava vencer por diferença simples.
Mas o desenrolar passou longe da simplicidade. Aos sete minutos, Nunes fez 1 a 0 para o Flamengo, mas a torcida mal pôde comemorar, já que Reinaldo empatou no minuto seguinte. Zico desempatou no final do primeiro tempo, resultado que dava título aos cariocas. No segundo tempo, Reinaldo, mesmo lesionado conseguiu empatar para o Galo aos 21 minutos. Quando o título parecia certo, Nunes fez grande jogada individual e marcou um golaço, dando o primeiro título nacional da história do Flamengo.
Guarani 3 x 3 São Paulo (1986)
Esta é considerada a decisão mais emocionante da história do Campeonato Brasileiro. No jogo de ida, no Morumbi, empate em 1 a 1. As equipes voltariam a campo em Campinas, onde quem vencesse sairia campeão e um empate levaria à prorrogação e pênaltis. O jogo já começou curioso, com dois gols contra: logo aos dois minutos, Nelsinho, do São Paulo, pôs o Guarani à frente; aos nove, Ricardo Rocha retribuiu a gentileza. O 1 a 1 se arrastaria até o fim do jogo.
A prorrogação foi espetacular. Logo de cara, a um minuto, Pita pôs o Tricolor em vantagem, mas Boiadeiro empatou seis minutos depois. Aos cinco do segundo tempo, João Paulo virou novamente para o Bugre, mas Careca empatou o jogo aos 14, faltando um minuto para o fim do campeonato. Nos pênaltis, o São Paulo fez 4 a 3 e se tornou bicampeão brasileiro.
Grêmio 2 x 0 Portuguesa (1996)
Campeão da Libertadores no ano anterior, o experiente Grêmio de Felipão era o grande favorito, mas foi surpreendido pela jovem Lusa no Morumbi no jogo de ida: 2 a 0. No Olímpico, formou-se um caldeirão. Empurrado por sua torcida, o Grêmio abriu o placar logo aos dois minutos de jogo, com Paulo Nunes. A Lusa suportou a pressão na etapa inicial e durante quase todo o segundo tempo, até que Aílton, aos 39 minutos, acertou uma bomba indefensável para o goleiro Clemer, devolvendo o 2 a 0 da primeira partida e dando o bicampeonato brasileiro ao Grêmio, que tinha melhor campanha.
Corinthians 2 x 3 Santos (2002)
O Santos de Diego e Robinho venceu duas vezes o Corinthians na decisão, mas isso não a torna menos dramática. As duas partidas foram no Morumbi, e o Timão tinha a vantagem de jogar por dois empates. No primeiro jogo, Peixe 2 a 0. No segundo, Robinho fez 1 a 0, de pênalti, após pedalada em cima do lateral Rogério. Tudo parecia se encaminhar para uma conquista tranquila, mas o Timão engrossou o jogo no segundo tempo. Empatou com Deivid, aos 30 minutos, e virou o jogo com Ânderson, aos 39. Mais um gol dava o título ao Corinthians, que veio com tudo para cima. Mas, com gols de Elano, aos 43, e Léo, aos 47, o Santos virou o jogo de novo e conquistou seu primeiro Brasileirão.
Flamengo 2 x 1 Grêmio (2009)
Na última rodada do Brasileirão, quatro equipes chegavam com chances matemáticas de título: Flamengo, Internacional, São Paulo e Palmeiras. Fla e Inter, porém, eram os que tinham maiores possibilidades. Como o Colorado enfrentaria o fraco Santo André em casa, o Flamengo era obrigado a vencer o Grêmio no Maracanã para confirmar o título. Desesperada para não ver o rival campeão brasileiro, a torcida gremista pediu durante toda a semana que o time entregasse o jogo para o Rubro-Negro. A diretoria deu férias para os titulares e mandou a campo um time de reservas e garotos da base.
O “problema” é que ninguém quis entregar. O Inter ia vencendo o Santo André com facilidade (o jogo acabaria 4 a 1) quando o Grêmio surpreendentemente abriu o placar no Maracanã, para festa da torcida colorada, e desespero da flamenguista e gremista. O Fla empatou aos 30 minutos de jogo, mas ainda não era o suficiente para ficar com o título. Só aos 24 do segundo tempo, Ronaldo Angelim fez o gol do título. Nos minutos finais, o Grêmio ainda criou várias chances de perigo, dando calafrios em sua própria torcida.
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