A professora universitária Luciana Senna Simões, de 35 anos, e o montador de computadores Rodrigo Pereira Rodrigues, de 36, foram presos em flagrante nesta segunda-feira sob acusação de armazenar fotos de sessão de sadomasoquismo com uma garota de 14 anos e divulgá-las na internet. A prisão do casal – ocorrida no Tatuapé e na Chácara Santo Antônio, Zonas Leste e Sul da capital – só foi possível pela luta incansável do pai da adolescente, que descobriu o crime, monitorou as conversas pela rede de computadores e auxiliou a polícia.
No dia 29, a adolescente saiu às 9h da manhã e só voltou à noite para casa. Segundo a polícia, ela, por curiosidade, entrou em um site de sadomasoquismo e conheceu Rodrigo, que usava o pseudônimo de srshibarisp. Em japonês, shibari significa amarrar. “Ele aliciou a menina e marcou um encontro no Metrô Santa Cruz. Depois, foram para a residência de Luciana, no Tatuapé”, disse o delegado Genésio Léo, titular do 27º Distrito Policial (Ibirapuera). “Rodrigo havia prometido um presente à menina e entregou para ela um espartilho.”
Naquela data, o pai da menina percebeu que havia algo muito errado. A filha nunca tinha passado tanto tempo fora de casa. “Comprei um rastreador e instalei no notebook dela”, conta. O frentista pode presenciar a conversa da filha com o aliciador. Acionou a polícia e manteve o monitoramento. Os policiais usaram várias técnicas de infiltração e descobriram quem eram os suspeitos.
A polícia pediu a prisão temporária do casal, que foi negada, mas o delegado recebeu autorização judicial para fazer busca e encontrou na casa da professora dezenas de objetos usados em sadomasoquismo, como roupas e máscaras de couro, cordas, vibradores, algemas, agulhas e, no computador de Luciana, fotos das sessões. “Havia imagens da menina participando de uma delas.”
Professora pretendia viajar para a Austrália para estudar
Uma advogada acompanhou o casal durante os procedimentos policiais, porém, interpelada por repórteres, disse que preferia tomar ciência das acusações antes para depois se manifestar. Ela não revelou o nome.
A professora Luciana se formou em Ribeirão Preto em ciências biomédicas, fez mestrado na Universidade de São Paulo em anatomia humana e deu aulas sobre o tema na faculdade Anhanguera e na Fip (Faculdades Integradas Paulista). Recentemente, ela deixou de dar aulas e dedicava-se a um curso de doutorado na USP. Pretendia fazer pós na Austrália, segundo a polícia. Rodrigo monta e desmonta computadores em uma empresa de telemarketing e adora a cultura japonesa. Já foi até sushi man, segundo a polícia, e conheceu Luciana há cinco anos, em um dos encontros de sadomasoquismo. “O problema deles foi envolver uma menor. É um mundo que eu em 47 anos não conhecia e em dez minutos me surpreendi.”
Opinião
João, 42 anos
Frentista e pai da menor aliciada
Atenção ao comportamento
“A gente tem de trabalhar e às vezes nem imagina o que está acontecendo com os filhos. Depois desse episódio, pedi as contas no meu emprego e foquei minhas energias na minha filha. Percebi que o problema era maior do que parecia. Vinha de fora. A minha mulher também pediu demissão. Essa coisa de internet tem de ser controlada. Vi fotos da minha menina com eles. Tive de me controlar muito para não fazer besteira. Não quero que nenhum pai veja o que eu vi. A minha filha vai precisar de apoio psicológico. Eu acreditei que eles (o casal acusado) fossem punidos. Continuo acreditando. Por isso, não desisti. A minha filha ainda não se deu conta de tudo o que está acontecendo. Essa coisa de entrar em uma delegacia, dar depoimento a delegado. Temos de estar sempre atentos às mudanças de comportamento, mas é melhor não deixar chegar a esse ponto. É melhor monitorar antes. A gente acaba aprendendo até nesses momentos.”
diário de são paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário