O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) afeta 5% das crianças brasileiras é requer atenção médica.
Uma em cada 20 crianças no início da idade escolar (por volta dos cinco anos) sofre com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e este número pode estar subestimado, já que, em muitos casos, pais, familiares e professores avaliam que as crianças são apenas arteiras, levadas ou têm problemas para apreender os conteúdos estudados.
Sem tratamento, o TDAH pode persistir na vida adulta e prejudicar o desempenho pessoal e profissional, prejudicando seriamente a qualidade de vida.
É quase certo que o distúrbio seja hereditário, mas, como o comportamento de crianças pequenas é muito variável, não há parâmetros para identificar o problema antes do início das atividades formais, como a escola e o desenvolvimento de atividades esportivas, nos quais é exigida uma padronização da conduta para garantir o rendimento.
O fumo durante a gravidez, eventos estressantes (como brigas familiares) e o desenvolvimento irregular de algumas áreas do cérebro e alterações de algumas de suas funções parecem estar relacionados ao TDAH. Quando os fatores genéticos e congênitos determinam o transtorno (60% dos casos, de acordo com alguns estudos), os sintomas permanecem por toda a vida. As causas psicológicas tendem a desaparecer no final da adolescência, mas em geral provocam sequelas no relacionamento familiar.
Os sintomas do TDAH
Os sintomas do TDAH são mais perceptíveis nos meninos, que se mostram mais irrequietos, abandonam as atividades rapidamente. Nas meninas, os sinais são mais discretos, mas o déficit de atenção e hiperatividade provoca queda no rendimento escolar. É preciso observar atentamente o comportamento, para saber se as crianças estão apenas agindo conforme o que se espera para a sua idade, ou se necessitam de ajuda psicoterápica ou mesmo de medicamentos para controlar o transtorno.
A doença, totalmente ignorada até algumas décadas atrás, tem preocupado muitos pais e até adultos, que acreditam ser portadores de TDAH. Na maioria, entretanto, não é o caso: os muitos compromissos profissionais diários podem desencadear alguns sintomas isolados, como lapsos de memória, mas, para o diagnóstico correto, é necessária a constatação de vários sinais.
Especialistas entendem que há três grupos de portadores do TDAH: o primeiro apresenta sinais de desatenção: abandonam atividades pela metade, não conseguem reter o conteúdo de uma história lida ou contada, esquecem a letra de uma música, etc. O segundo é caracterizado pela hiperatividade: realiza diversas tarefas ao mesmo tempo, “pesquisa” o ambiente e acaba se envolvendo em muitos acidentes, como queimaduras e quedas, destrói brinquedos e roupas nas atividades diárias. O terceiro grupo reúne desatenção e hiperatividade.
É preciso, no entanto, verificar se o problema não está nos pais ou responsáveis. Muitos familiares não dão limites às crianças, que crescem se sentindo “autorizadas” a fazer o que bem entendam. Quando entram na escola, revoltam-se contra a disciplina e autoridade estabelecida. Mas, mesmo sem portar o TDAH, estas crianças sofrem e também precisam ser acompanhadas por um psicólogo.
São características do TDAH: cometer erros ou omitir detalhes em provas e trabalhos escolares por descuido, inclusive deixando questões de avaliações sem resposta (na vida adulta, o portador pode deixar de enviar itens importantes de um projeto, como os objetivos ou o orçamento); abandonar atividades escolares, profissionais e mesmo recreativas; manter objetos, roupas, etc. completamente desorganizadas e frequentemente perder coisas, como chaves e material escolar; e recusar-se a desenvolver atividades que exijam atenção, como a leitura de um livro.
Por fim, frequentemente o portador do transtorno não consegue estabelecer uma rotina diária, ignorando atividades simples, como retirar o lixo de casa, ligar o alarme ao sair para o trabalho ou respeitar os horários de aulas e outros compromissos.
Fisicamente, a criança hiperativa pode não conseguir se manter parada: movimenta mãos e pés enquanto tem que permanecer sentada numa cadeira, fala demais, abandona frequentemente seu local na sala de aula, corre demais (está sempre a “mil por hora”), não consegue terminar uma refeição. Nos adultos, fica visível a sensação de ansiedade e inquietação.
O tratamento para TDAH
A avaliação médica e psicológica, quando vários destes sintomas estão presentes, é muito importante para garantir o desenvolvimento adequado. Frequentemente, o portador de TDAH é simplesmente visto como o bagunceiro da turma, o “burro” ou vagabundo. Além disto, o transtorno interfere no rendimento escolar e pode provocar repetências que levem a criança a se desinteressar pelos estudos, comprometendo todo o seu futuro.
O TDAH pode levar ao uso de drogas na adolescência e vida adulta, transtornos de humor (como a depressão e o TOC) e transtornos de conduta, que podem colocar em risco inclusive as pessoas próximas.
O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde (pediatra, neurologista, psiquiatra ou psicólogo), com base no relato de pais e professores e com o diálogo com o paciente. Em crianças muito pequenas, a avaliação de um terapeuta ocupacional é bastante útil, já que o uso de objetos lúdicos substitui a dificuldade natural da criança em verbalizar seus problemas e condutas inadequadas.
A psicoterapia comportamental cognitiva é a técnica mais utilizada atualmente. Em alguns casos, é preciso envolver os pais no tratamento. Às vezes, é necessário recorrer a medicamentos, especialmente os psicoestimulantes.
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