IBM cria chip que funciona como cérebro
O TrueNorth realiza sinapses e processa informações de maneira semelhante aos seus neurônios. Tudo usando pouca energia.
O cérebro humano é um equipamento ambiciso. Não sendo muito grande,
consegue coordenar funções complexas em velocidade – e simultaneamente. É
capaz, ainda, de armazenar informações e aprender. Pra você, tudo isso
acontece de forma muito natural e corriqueira. Desde os primórdios da
computação, os cientistas especulam como criar máquinas capazes de
mimetizar todas essas habilidades que o cérebro apresenta naturalmente.
Na quinta-feira (7), os cientistas da IBM apresentaram à revista Science
um artigo em que descrevem o funcionamento do TrueNorth, um chip
inspirado na arquitetura do cérebro. É capaz de reconhecer imagens
estáticas ou em vídeo e estabelecer conexões semelhantes Às sinapses dos
nossos neurônios.Para isso, não precisa mais do que a energia oferecida
por uma bateria simples, dessas usadas em aparelhos auditivos ou
relógios. Até hoje, as tentativas mais bem sucedidas de
colocar computadores para trabalhar como nossas cabeças aconteceram no
campo dos softwares. É graças a avanços nessa área, por exemplo, que a
Microsoft conseguiu colocar o Skype para traduzir conversas em tempo
real. A empresa usa um tipo de programa que se beneficiou de uma área da
computação chamada de deep learning. Seu objetivo é criar programas de
computador que construam suas próprias redes neurais, e consigam
aprender sozinhos.
A abordagem da IBM, nesse caso, se concentrou no hardware – a parte
palpável do computador. O TrueNorth foi projetado para imitar o
funcionamento de 1 milhão de neurônios humanos. É capaz de criar o
equivalente a 256 milhões de sinapses. Para isso, possui 4096 centros de
processamento (cores). Segundo a revista Wired,
o TrueNorth armazena dados transformando-os em padrões de pulsos
elétricos, algo parecido com o que, os cientistas acreditam, nossos
cérebros fazem.
Esse tipo de máquina, capaz de entender o que se passa no ambiente e
agir por conta própria, imitando um cérebro humano, compõe aquilo que os
cientistas chamam de computação cognitiva. Para a IBM, serão elas as
protagonistas das principais inovações tecnológicas dos próximos anos. O flerte da IBM com computação cognitiva é antigo. Remonta a 2003,
quando a empresa divulgou o projeto do Watson, seu sistema inteligente
capaz de interagir com seres humanos. O Watson ficou famoso quando, em
2011, venceu um popular jogo de perguntas e respostas na TV americana,
competindo contra dois jogadores humanos.
A empresa já testou as habilidades do TrueNorth ao colocá-lo para
realizar tarefas comumente associadas à inteligência artificial, como o
reconhecimento de imagens. Ele se saiu bem, executando as missões na
velocidade de um chip menos avançado, mas usando menos energia que seus
companheiros. “Não há nenhuma CPU, nenhum computador híbrido, capaz de
tal desempenho” disse Dharmendra Modha, o pesquisador líder do projeto,a
Wired. “O chip foi desenhado para ter eficiência energética em tempo
real”.
De acordo com a empresa, mais de um desses chips pode ser conectado
para trabalhar em conjunto, criando um supercomputador. O TrueNorth
ajuda a resolver um problema que intriga o campo há décadas:
computadores convencionais são ótimos em ler palavras e realizar
operações matemáticas complicadas, mas não sabem reconhecer e
classificar objetos ou entender informações de contexto. Atributos
humanos. Por ora.
REDAÇÃO ÉPOCA
RC
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