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terça-feira, 10 de março de 2015

À CPI, Barusco diz que receber propina é um 'caminho sem volta'

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Ex-gerente da estatal confirmou que negociava com tesoureiro do PT. Ele também reiterou que começou a receber comissão nos anos 90. Em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara, o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco disse nesta terça-feira (10) que o recebimento de propina se tornou um “caminho sem volta” e que não vê problemas na governança da Petrobras, mas nas “pessoas”. “É um caminho que não tem volta. Você começa a receber no exterior um recurso ilegal, é uma espada na sua cabeça, não tem saída, não tem saída”, afirmou aos deputados. “Se no começo eu tive a fraqueza de começar, teve uma fase que fiquei um pouco feliz, mas depois veio um temor e quase um apavoramento [de ter todo esse dinheiro]”.Ele defendeu as práticas de governança da estatal e admitiu que a culpa foi dos funcionários.

“Apesar de ter acontecido o que aconteceu, acho a governança da Petrobras boa. O problema não está neste fato, está nas pessoas”. Barusco confirmou o que já havia dito em seu depoimento de delação premiada ao Ministério Público Federal, de que passou a receber propina a partir de 1997 e 1998, como uma iniciativa pessoal. Mas que participou do esquema de uma institucionalizada de 2003 em diante.
“Bom, como faz parte do meu termo de colaboração, iniciei a propina em 97, 98, foi uma iniciativa pessoal minha, junto com o representante da empresa. Descrevo no meu depoimento essa trajetória e vou reiterar. Mas, de uma forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, mais institucionalizada, foi a partir de 2003 ou 2004”, afirmou. O relator Luiz Sérgio (PT-RJ) insistiu, em várias perguntas, em saber se havia um esquema de pagamento de propina nos anos 90, período do governo Fernando Henrique Cardoso. Barusco afirmou que não tinha conhecimento.
Apesar da insistência dos parlamentares, Barusco não quis dar mais detalhes sobre a propina que diz ter recebido de forma isolada nos anos 1990 além do que já informou em depoimento ao Ministério Público. "Existe uma investigação em curso, eu sou um investigado, eu até selecionei essa parte do meu depoimento, que é uma parte que vou me ater ao depoimento, não vou me aprofundar, porque está ocorrendo uma investigação. Reitero o que falei no depoimento com a colaboração com a Justiça", disse.
Diante da afirmação de que começou a receber propina de forma "isolada" em 1997 ou 98, o relator Luiz Sérgio o questionou se era possível, então, concluir que ele era "o pai da propina na Petrobras" e se era o único. Barusco respondeu que não acreditava que fosse o único. "Comecei em 97, 98 de forma isolada, e a partir de 2003 e 2004, houve uma fase em que estava institucionalizada, só sei isso", disse. O ex-gerente confirmou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, era um dos “protagonistas” no acerto das propinas. Barusco reiterou que estima que o partido tenha recebido de 150 a 200 milhões de dólares.
“Eu estimava que, por eu ter recebido a quantia divulgada, de 50 milhões de dólares, o PT deve ter recebido o dobro ou um pouco mais”, afirmou. Barusco disse aos deputados que subiu dentro da hierarquia da empresa somente por indicações técnicas, sem a interferência de qualquer partido político.
Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília

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