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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Hospital é condenado por diagnosticar apendicite como virose

 
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal condenou o hospital Alvorada, na Asa Sul, em Brasília, a indenizar em R$ 60 mil por danos morais e mais R$ 162,90 por danos materiais um garoto de 6 anos por erro em diagnóstico de apendicite. O menino, que tinha 4 anos na época, teve de ser submetido a duas cirurgias. Cabe recurso à decisão.

Procurada pelo G1, a advogada do hospital não quis se manifestar. A assessoria do Alvorada informou que o hospital “cumpre rigorosamente todas as decisões judiciais”. O nome do médico não foi divulgado.

Segundo a mãe da criança, a secretária Elisangela Pereira, o menino foi atendido diversas vezes após vômitos, febre e dores na barriga. O médico que o atendeu diagnosticou o caso como “virose”. Ao levar a criança ao Hospital Regional do Gama, a mãe descobriu que ele teve o apêndice rompido.

Por causa do erro no diagnóstico inicial, o garoto teve de passar por duas cirurgias – uma de emergência, para a retirada do apêndice, e outra para limpeza de órgãos. Ele ficou com uma cicatriz de 11 centímetros na barriga.

Elisangela diz que o filho gritava de dor e quase não tinha forças para andar na última vez que foi consultado no Hospital Alvorada. “Ele dizia que iria morrer o tempo todo e pedia para papai do céu tirar a sua dor. Mesmo assim, o médico afirmava que não era nada demais. Meu filho já não comia e não respirava direito e decidi levá-lo a um hospital público”.

Ela afirmou que o filho ficou internado quase um mês. “O apêndice estourou. Ele poderia ter morrido. Os médicos do Hospital do Gama brigaram comigo, acharam que eu era negligente. Se o Alvorada tivesse diagnosticado desde o início, ele ficaria com uma cicatriz pequena e não passaria por tanto sofrimento.”

O advogado da família, Leonnardo Morais, declarou que houve negligência e imperícia por parte do médico que atendeu a criança. Segundo ele, o menino entrou no hospital com os sintomas clássicos de apendicite, mas foi liberado sem que o médico solicitasse exames básicos para o diagnóstico, como hemograma.

“No mínimo, o paciente deveria ter ficado em observação no hospital, sendo que a postura correta seria a sua internação, já que o caso se apresentava como grave. A liberação do paciente influenciou diretamente na piora do seu estado de saúde, haja vista que o apêndice estourou, o que aumentou a gravidade da situação”, disse Morais.

Danos morais

A mãe do menino afirmou que o garoto desenvolveu medo de ir a médicos após o caso. Em uma outra situação, ele preferiu ficar sentindo dor do que falar para os pais que estava com um problema. "Ele pensou que se fosse para o hospital novamente não voltaria para casa, e tudo o que ele queria era dormir em casa."

Além do trauma psicológico, houve um alargamento da cicatriz abdominal. "A criança demonstra, por vezes, vergonha em tirar a camisa na frente dos amigos. Mas, honestamente, a preocupação maior é quando ela chegar à adolescência, já que sabemos que esse é um período da vida em que a pessoa enfrenta vários conflitos, inclusive complexos em relação à sua aparência física", disse o advogado Leonnardo Morais.


Do G1 

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