Com o transcorrer da gravidez, surge a dúvida: que tipo de parto escolher?
Existem diversos tipos de parto e nenhum deles é a priori melhor
do que os outros. Tudo depende da expectativa do casal, do preparo
psicológico da mãe, das condições de saúde da mulher e do feto e
eventualmente de algumas pressões da família e do grupo social.
A melhor decisão é aquela obtida com o acompanhamento
pré-natal, que deve ser realizado desde o momento em que a gravidez é
diagnosticada. Conhecendo
as condições físicas da mãe e do bebê, o médico poderá orientar a nova
família sobre os tipos de parto e a melhor escolha para cada situação. A
mulher precisa se sentir segura e amparada pelo ginecologista e o
companheiro.
Tipo de Parto: A cesariana
Muitas mulheres se assustam com as “dores da gravidez” (elas
existem de fato) e decidem fazer uma cesariana. É preciso lembrar,
entretanto, que o parto cesáreo é uma cirurgia e, portanto, envolve
riscos. Ele só deve ser realizado se houver sinais clínicos de sua
necessidade: desproporção entre o tamanho do feto e a pélvis da mãe,
pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, herpes genital ativo e posição inadequada do bebê (às vezes, ele fica sentado ou “de rosto”).
Para gestantes diabéticas e também quando o trabalho de parto não
evolui, a cesariana também é indicada. Se algum destes fatos acontece, a
paciente é levada a um centro cirúrgico, onde a assepsia é mais
rigorosa, já que se trata de uma cirurgia de grande porte e o risco de
infecções é maior.
A mãe recebe anestesia peridural (em alguns casos, é indicada a
anestesia geral) e é colocada uma tela em seu peito, para maior
assepsia, mas isto impede que a mulher acompanhe diretamente o parto
(alguns hospitais oferecem monitores para permitir a visualização do
nascimento).
Para a operação, é feita uma série
de incisões transversais de dez centímetros cada, acima da linha do
púbis. São abertos os tecidos epitelial, conjuntivo, adiposo, os
músculos abdominais, o peritônio e, por fim, o útero. Em seguida, bebê e
placenta são retirados e os cortes, suturados.
Apesar de não sentir nenhuma dor durante a cirurgia, a recuperação é
bastante lenta. Cessado o efeito da cirurgia, a mãe sente dores nas
atividades mais corriqueiras, como rir, comer, sentar-se ou ficar de pé.
O desconforto aumenta com o rearranjo hormonal: a mulher deixa a fase
“gerar um bebê” para a fase “nutrir um bebê”.
O parto normal
Se a gravidez tiver ocorrido conforme o previsto, é o mais indicado. A
recuperação é rápida e os riscos de infecções, hematomas e dores
pélvicas crônicas é muito menor. Vovós e bisavós podem relatar as dores
terríveis e os desconfortos que sofreram, mas hoje isto é amenizado com
diversas técnicas, como a aplicação de anestesia peridural. A raspagem
dos pelos púbicos e o enema (lavagem intestinal) não são mais rotineiros
atualmente.
O médico avalia as condições do colo do útero durante as contrações.
Nesta etapa, a mulher pode ser novamente anestesiada, em caso de dores
muito fortes. Com o colo totalmente dilatado, as paredes do útero fazem
pressão sobre o feto e, com ajuda de movimentos maternos, ocorre o
nascimento.
O uso de anestésicos durante o parto é chamado “parto sem dor”.
Estudos indicam que a presença e o cuidado do pai na sala também
suavizam as dores. Nos EUA, são utilizadas técnicas de relaxamento e
concentração, para que a mãe se sinta mais segura, já que uma mulher
assustada experimenta mais sofrimento.
Se houver necessidade, são feitos cortes cirúrgicos nos músculos da
região perineal. Com a saída do bebê, o alívio é praticamente imediato:
apenas mais uma contração, para expulsar a placenta. A sutura dos
eventuais cortes, quando há necessidade deste procedimento, é rápida e
cicatriza em poucos dias.
A indução é um tipo de parto normal, indicada quando a gravidez
ultrapassa 40 semanas (o que pode significar sofrimento e problemas de
saúde para o feto), quando há incompatibilidade do fator Rh entre mãe e
filho e em casos de rompimento precoce da bolsa d’água. O parto pode ser
induzido com o simples rompimento da bolsa, ou com medicamentos para
estimular as contrações.
Às vezes, mesmo com o acompanhamento pré-natal, a criança decide
mudar de posição na última hora. Ela pode girar a cabeça e provocar
sofrimento para si próprio e para a mãe. Por isto, pode ser realizado o
parto fórceps, um instrumento introduzido no canal vaginal para ajustar o
bebê. O procedimento é realizado no final do parto.
Atualmente, os médicos oferecem outras opções para as mães e seus
bebês. No parto natural, o médico só acompanha o parto e intervém apenas
no caso do surgimento de algum problema. A mãe não recebe anestesia,
nem medicamentos para acelerar as contrações. O tempo é definido pelo
ritmo dos protagonistas da cena.
O parto de cócoras segue as mesmas indicações do parto natural. A
diferença está na posição da mulher, que fica de cócoras, com o apoio do
parceiro. É um parto mais rápido, já que a força da gravidade acelera o
processo. Como o bebê é menos pressionado, ele não sofre a compressão
de vasos sanguíneos importantes. É indicado para mulheres que tiveram
uma gravidez saudável e quando bebê está bem encaixado (com a cabeça
para baixo).
O parto na água também é semelhante ao parto natural, mas acontece –
obviamente – com a mãe numa banheira de água morna, com os genitais
totalmente imersos. A pressão da água facilita e suaviza as contrações e
o bebê nasce num meio quente e líquido, parecido com o que experimentou
no útero. Mas o procedimento não é indicado em casos de presença de
mecônio (as primeiras fezes do bebê, que pode aspirá-las), nos
sangramentos excessivos, nos partos prematuros, quando a mãe é
diabética, portadora de HIV ou do vírus da hepatite B, quando o herpes
genital está ativo e também quando o bebê é muito grande (mais de quatro
quilos).
O parto humanizado
Atualmente, no Brasil, vem sendo incentivado o parto humanizado. Não
se trata de uma nova técnica médica, mas do reconhecimento das
necessidades da mãe e do bebê.
Por exemplo, a mulher pode decidir por ter o bebê em casa ou numa
casa de parto, sem a correria dos hospitais – alguns deles, inclusive,
recorrem a cesarianas ou a induções simplesmente para ganhar tempo,
liberar leitos, etc. No Brasil, do total de partos, 52% são cesáreos, o
que parece indicar um sério problema de saúde, já que a Organização
Mundial da Saúde sugere que este total não ultrapasse os 15%. Parece que
muitos destes procedimentos se baseiam no lucro, e não na saúde e bem
estar da mulher e da criança.
A mulher escolhe o tipo de parto que ela quer (inclusive cesariana e
anestesia) e as pessoas que deseja ter ao lado no nascimento da criança.
Em geral, porém, é adotado o parto de cócoras e o bebê é mantido junto à
mãe logo após o nascimento. Os procedimentos de limpeza são realizados
posteriormente. Isto facilita a produção do colostro (o primeiro leite
materno) e estimula a amamentação.
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