Famílias de bairro periférico e de área nobre dividem o mesmo problema. Deslizamento completa um mês no domingo; cidade está em calamidade.
Dezenas de casas desabaram e dois prédios foram evacuados (Foto: Felipe Gibson/G1)
Separados apenas por alguns muros e escadarias, os moradores de uma
região periférica e de uma das áreas mais valorizadas de Natal
compartilharam de uma situação em comum: eles tiveram que deixar suas
casas ou apartamentos. Esse cenário completa um mês no domingo (13). Em
junho, deslizamentos de terra destruíram dezenas de casas no bairro de
Mãe Luiza e causaram a interdição de dois prédios na orla da praia de
Areia Preta, ambos na Zona Leste da cidade. Com o desastre, as famílias
de Mãe Luiza e Areia Preta têm buscado alternativas diferentes depois de
deixarem suas casas e apartamentos. Natal está em estado de calamidade pública por causa dos deslizamentos.No bairro de Mãe Luiza, os deslizamentos fizeram 36 casas desabarem, enquanto outras 109 precisaram ser interditadas por questões de segurança. O desastre também deixou parte do bairro sem água e dependendo do abastecimento dos carros-pipa da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern).
Já em Areia Preta, os condomínios Aldebaran e Infinity - de classe média alta - foram evacuados, mas os moradores já começaram a retornar aos prédios com a menor incidência de chuvas. No Aldebaran, 19 apartamentos foram desocupados. Já no recém-construído Infinity, apenas dois apartamentos foram evacuados.
Os entulhos, pedras e terra arrastados pela água ainda bloquearam a avenida Governador Sílvio Pedrosa, que dá acesso ao principal corredor hoteleiro da cidade, a Via Costeira. Interditada no dia 14 de junho, a avenida só foi liberada para o trânsito nesta quinta-feira (10).
A dona de casa Elizama viu a casa desmoronar
com o deslizamento (Foto: Felipe Gibson/G1)
com o deslizamento (Foto: Felipe Gibson/G1)
"No dia chovia muito e senti que algo não estava bem. Saí de casa para deixar meu filho na casa da minha mãe, que fica perto. Quando voltei a casa já havia caído", lembra a dona de casa, que depois do desastre foi morar na casa da mãe, mas o imóvel também foi interditado pela Defesa Civil do Município. "Vim para o abrigo com marido, filho, pai e mãe. Estava muito ruim de viverem os cinco em uma sala pequena e eles meus pais saíram para alugar uma outra casa", diz Elizama.
A autônoma Cristiane divide sala com pai e três filhos (Foto: Felipe Gibson/G1)
Com colchões e redes, as pessoas desalojadas se viram como podem no
abrigo. Para isso, têm a ajuda de voluntários do próprio bairro, que
buscam organizar os alimentos e materiais recebidos. Nos corredores
ficam espalhados pilhas de sapatos e roupas doados aos desalojados.
"Fica à disposição de todo mundo. As pessoas chegam, procuram roupas e
sapatos do tamanho certo e utilizam", explica o voluntário João Marques
Melo, de 22 anos.Para a autônoma Cristiane Pedro da Silva, de 26 anos, o mês tem sido difícil. Dividem uma sala apertada ela, o marido e três filhos, de 6, 8 e 14 anos. Moradora da rua Guanabara, Cristiane conta que o banheiro e a cozinha do imóvel desabaram nos deslizamentos. "Aqui não é a casa da gente, mas dá para levar", diz a autônoma, que espera a liberação do auxílio-aluguel prometido pela Prefeitura para pensar em como vai recomeçar a vida. O benefício de R$ 724 foi aprovado na Câmara Municipal no começo de julho com cinco emendas, mas ainda não tem data para começar a ser pago aos desalojados.
Pilha de rouba fica no corredor do Cras de Mãe Luiza (Foto: Felipe Gibson/G1)
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